Hoje estive na presença de um homem furioso que acreditava estar sendo maltratado. Fiquei atordoado com a raiva e a violência em sua voz. Ele distorcia as palavras e ações das pessoas ao seu redor e respondia com arrogância e desdém. Só de ouvi-lo, sentia-me ferido.
Eu reconheci a voz. Quando os demônios se manifestam no meio de um exorcismo, sua presença é inconfundível. O olhar em seus olhos é assassino. O ódio e a arrogância em sua voz são palpáveis. Seus corações são mais negros do que qualquer escuridão que conhecemos. A verdadeira feiúra ocasionada pelo pecado, demoníaco ou humano, está além das palavras.
Nesta vida, com base em nossas escolhas, já começamos a manifestar o céu ou o inferno. Santa Catarina de Sena em seu Diálogo relatou que Deus disse a ela que as almas recebem o "penhor" [1] da vida porvir enquanto ainda estão nesta terra. Aqueles que praticam o mal já experimentam o "penhor do inferno", enquanto os servos do Senhor "experimentam o penhor da vida eterna".
Já nesta vida, começamos a cantar a canção dos anjos, ou começamos a nos enfurecer com os demônios. No Rito do Exorcismo está o Triságio - "Santo, Santo, Santo". É a canção dos anjos louvando a Deus que os demônios se recusaram a cantar (Ap 4:8). Os exorcistas consideram esse um momento poderoso em um exorcismo e costumam repetir essas palavras muitas vezes. Só de ouvir as palavras já é um grande tormento para os demônios.
Quanto mais tempo passo neste ministério de libertação, mais sensível fico à presença do angélico e do demoníaco. Estou temporariamente ferido por encontros sombrios com o demoníaco. Sou diariamente animado por muito mais pessoas que entram em contato com um gesto gentil e palavras carinhosas.